Ah o Chico!
Chico mudou e continuou o mesmo. Admirável essa condição que
o cantor se colocou. Ele segue uma linha atemporal, não segue nenhum discurso
político e nem tenta ser moderno.
Com o seu último CD, Chico fez músicas bobas, músicas
densas, descomprometidas. Mas não saiu do seu estilo, não deixou que a
qualidade musical caísse em nenhum instante.
Na sua última temporada de shows emocionou fãs que lotaram a
casa de shows “HSBC Brasil”, fãs que iam desde crianças até senhores que se
emocionavam com as palavras musicadas de Chico, ou a música de palavras.
Sua única tentativa de fazer algo moderno foi cantar o
refrão do rap que o cantor Criolo fez para a música Cálice, “Afasta de mim a
biqueira, pai/ Afasta de mim as biate, pai/ Afasta de mim a coqueine,pai/ Pois
na quebrada escorre sangue”.
Mesmo assim a letra tem cunho social visível. Não houve arranjo
com batidas eletrônicas, nada além de Chico. A banda era a mesma de sempre,
impecável, entrosada. Ele era o mesmo de sempre, simplesmente o Chico.